Eu sei apenas que de tempos pra cá ao ver o Flamengo no campo me irrito, não me alegro. Ao ver a camisa rubro-negra (belíssima diga-se) sendo usada de qualquer jeito me entristeço, não comemoro. Lá se vão mais de duas décadas. Só eu como flamenguista estou vendo isso? Estou ranzinza demais e as coisas são assim mesmo e ponto final? Poderia ter sido diferente? Fiquei mal acostumado com o Flamengo dos anos 80 e, portanto, essa sensação é meramente culpa minha? Isso significaria que o Mengo de agora é o que é e chega de esperar algo melhor?
Um monte de perguntas que ninguém faz questão alguma de responder. O Flamengo é uma instituição com mais de 100 anos de vida. Houve um tempo que treinadores, jogadores, qualquer um, queria fazer parte desse universo em vermelho e preto. Hoje, acumulam-se dívidas, péssimas administrações, jogadores de aluguel, treinadores de aluguel. Enfim, apenas coisas ruins que jogam o nome desse clube na lama. Tem camisa 10 nessa fase medonha que não treina. Zico era um dos primeiros a chegar e sempre foi a estrela da companhia. Não tinha frescura com ele. Hoje, bom, deixa pra lá, devo ser um velho chato mesmo que não consegue viver nesse estranho mundo e se adaptar ao show de horror que vejo sempre que ligo a TV. Uma pena.
Virei flamenguista com quatro anos de idade. Lembro que acabavam os anos 70, Zico era uma realidade, na verdade, todo aquele time que conquistaria o mundo em 1981 já era real. O que espanta no fato de virar rubro-negro é que eu nasci em São Paulo. Não sou do Rio, fui ao Maracanã uma vez apenas, mas abracei essa camisa como nunca. Era fanático mesmo, de chorar e fazer cara feia quando a equipe perdia qualquer coisa. Aí os anos 90 começaram, Zico se aposentou (nossa, ainda recordo do vazio no peito assistindo aquele jogo de despedida e minha sensação de impotência, chorei sentido aquele dia), Júnior também se foi conquistando o Brasileirão de 1992 e depois nada, nada, nada, nada, nada. Lamento se pareço exagerar, mas é só isso e uma vergonha atrás da outra que me faz a cada rodada querer mudar de time. É fato, vejo os torcedores do Napoli, Bilbao, do próprio Barcelona e lá não é a questão do vencer que importa e sim ser um TIME, ser algo de fato importante que marque sim a sociedade.
Ah, sei lá, acho que estou querendo demais e que eu fique quieto e pare de reclamar e não leve tão a serio esse tal de futebol. Mas, poxa, era “tão bonito ver o Flamengo no Maracanã”.