Deixei que ele me mordesse não porque o amava
A moça dos olhos verdes não podia, não queria, não sei
Eram dela os dentes que eu queria rasgando meu corpo
Não por perversão, talvez sim,
Precisava sentir algo que não fosse aquele nada…
Outro diferente tipo de sentido, quem sabe?
Meu sangue escorria pela barriga
Ele já tinha ido há tempos…
A velha senhora, mentindo, sorrindo, diria
“É apenas coincidência”
Num mês estranho, sem sono, sem voz, sem chuva
Numa sequência sem método
Primeiros, as cartas de Van Gogh
A dança macabra de Stephen King
A biografia de Cobain
A ficha caiu do tamanho da mobidez
Na vitrola, era Nevermind…
Sorri o sorriso falso de décadas
Olhei no espelho, as olheiras fundas,
Mas talvez eu só estivesse cansado
Uma gota caprichosa do meu sangue manchou o carpete…
Eu queria aprender a odiar novamente…
Era mais fácil acordar de manhã …
A caixinha mágica dizia lá de longe
“Ei, velhinho, não esquece de mim, não esquece de mim
Ei, velhinho, eu gosto de você, eu gosto de você
Ei, velhinho, vem dormir comigo… pra sempre
Vem”
Naquela noite, chovia, eu fui…