Crônica

Rascunho #3

O BRASIL DE 82

Há uma semana morria o doutor Sócrates. Não vou escrever sobre ele porque muitos já falaram e de formas tão bonitas que minhas mal traçadas linhas nem chegariam perto. Não posso, no entanto, deixar passar uma coisinha sobre essas homenagens, justíssimas diga-se. Invariavelmente, aqueles que destilaram laudas e laudas sobre o craque mencionaram – mais ou menos – a seleção brasileira de 1982. Aquele time formado por Telê Santana que tinha no mesmo meio-campo Zico, Falcão e Sócrates. E não era “só” isso. Havia Leandro e Júnior nas laterais. Nas zagas, se revezavam Oscar, Luizinho e Edinho. Na ponta esquerda, tinha o Éder. Na direita não tinha ninguém, mas sempre aparecia por lá Paulo Isidoro, entre outros, e como centroavante passaram pela nove Careca (que seria o titular do time se não tivesse se machucado), Reinaldo (outro titular ferido) e Serginho que acabou sendo o homem-gol do time na Copa da Espanha. Enfim, um timaço.

Repito o primeiro parágrafo: o mais interessante dessas homenagens ao Magrão é que não houve pessoa do mundo que não lembrasse desse time maravilhoso (acho que colocaria esse Barcelona de Messi na roda), de Sócrates jogando fácil ao lado de Zico, de Falcão chegando com toda maestria que lhe cabia e por aí vai. Mas o detalhe é que aquela equipe – e lá se vão quase 30 anos – não ganhou nada. Perdeu a Copa do Mundo e ficou na história. Como pode?  Todos que falaram de Sócrates, se lembraram dessa seleção com saudade, não tristeza. O que teria sido do futebol se o jogo bonito tivesse vencido? Talvez, a última coisa boa que a amarelinha produziu, mesmo tendo conquistado títulos mundiais depois, em 1994 e 2002. Acho que foi o Flávio Gomes – comentarista da ESPN –  que disse que foi o último Brasil pelo qual ele torceu. Concordo.

Eu era moleque em 82, tinha sete anos. Foi minha primeira experiência real de Copa do Mundo. Fã de Zico, amante do futebol, meu coração batia acelerado a cada partida daquele time. E veio a Itália, veio a derrota que não se esquece e antes de fechar o livro por que não lembrar de Sócrates na direita chutando com força na saída de Zoff?

Gooooll do Brasil!!

E eu pulava de alegria como nunca mais.

Era bom ser criança naquele instante, era bom ver seus heróis te encherem de vida…