Pense numa realidade diferente. Um lugar no qual tudo o que você conhece e aceita como certo é diferente. Uma dimensão que caracteriza seu bem como mal e seu mal como bem. Pense nesse mundo. Deus é o Diabo. Diabo é Deus. O caminho da ida é o da volta. O caminho da volta é o da ida. Feijão é arroz. Arroz é feijão. Dia, noite. Noite, dia. Sonho é pesadelo. Pesadelo é sonho. Sorriso é dor. Dor é sorrir.
Universo em mutação que restringe sua liberdade, mas releva seus fracassos. Lá, você pode ter o que quer, mesmo sem saber se isso é bom ou ruim. Nesse lugar que não é aqui tudo parece muito com o que há aqui. Mas não é aqui. É diferente. Nessa atmosfera, nos conhecemos no tempo certo, sem mais nem menos. E ficamos enquanto o tempo quis.
Em silêncio…
Isso porque nesse sistema que não é o nosso – mas é tão parecido – o silêncio não é crime, nem dor, nem marasmo, nem fim. Então, lá o que não é igual, é igual. O igual não é o que é igual. Aí, a confusão e o medo não surgem, não têm espaço. Sentimentos frios como esses vagam perdidos como almas.
Almas como a minha que vaga pelo mundo real querendo ser encontrada. No outro lado, eu não preciso ser achado, descoberto. Simplesmente, estou lá e sei o que estou fazendo. Você também. Nessa paisagem que não é a nossa, a paisagem parece ser a nossa. Mas não. Ali, a escuridão é para ser sentida. No entanto, ela não assusta. O errado é certo. O certo é errado.
Pense numa realidade diferente.
Lá, o fim da história é o início.
O início é ponto final….